A Academia de Polícia Civil de Santa Catarina (Acadepol), em parceria com a Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, realizou o 1º Workshop de Combate a Fraudes Digitais. A abertura do evento, ocorrida no auditório da Acadepol, contou com a presença do presidente do Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina (CIASC), Gustavo Madeira, delegado que idealizou o evento durante sua gestão à frente da Diretoria de Inteligência da PCSC. 

A iniciativa segue o exemplo de outras Unidades da Federação, como o Distrito Federal e o Piauí, que já promoveram encontros semelhantes. Segundo Gustavo Madeira, a ideia de realizar o workshop em Santa Catarina surgiu a partir dessas experiências.

“É um evento de grande relevância que promove a colaboração, o que eu denomino ‘hibridização’, ou seja, a parceria e o compartilhamento de informações entre os setores público e privado. O interesse em comum é a segurança pública, com foco na prevenção de fraudes e golpes eletrônicos, que atualmente representam a forma de criminalidade com maior crescimento no Brasil. Os dados comprovam isso. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública demonstra um aumento de 408% nesse tipo de crime desde 2018. Portanto, é uma questão que exige prioridade das forças de segurança, especialmente das polícias de investigação, como a Polícia Civil e a Polícia Federal”, destacou.

O evento reúne representantes de diversas áreas envolvidas no enfrentamento às fraudes e golpes digitais, principalmente os crimes de furto e estelionato, tanto do setor público quanto do privado.

O delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, destacou os investimentos realizados para fortalecer o combate aos crimes virtuais. “Desde 2022, tivemos um incremento de mais de R$ 40 milhões, recursos destinados a cursos de capacitação, aquisição de equipamentos, armamentos e valorização salarial do nosso efetivo. Sabemos que não há evolução sem orçamento, mesmo contando com profissionais altamente qualificados. Por isso, é importante este momento que vivemos e o olhar atento que o governador Jorginho Mello tem direcionado às forças de segurança”, afirmou.

As fraudes digitais têm apresentado crescimento exponencial nos últimos anos, de 20 mil registros em 2019 para 80 mil casos em 2022. Diante desse cenário, os palestrantes reforçaram a necessidade de investir em inteligência, como a criação da Diretoria de Inteligência e a atuação conjunta com instituições financeiras, principais alvos dos criminosos.

Durante o evento, o presidente do CIASC palestrou ao lado de Lia Pilatti, executiva de Prevenção a Fraudes do Banco do Brasil, sobre o tema “Ataques mais frequentes em fraudes e golpes eletrônicos”. Em sua apresentação, Gustavo Madeira destacou que 85% da população brasileira está conectada à internet, sendo o Brasil o país em que os usuários passam mais tempo em frente às telas, uma média de 9 horas e 9 minutos por dia. O Brasil também ocupa a quinta posição mundial no uso de recursos de Inteligência Artificial (IA).

Outro dado apresentado foi a eficácia dos golpes realizados com e-mails criados por IA generativa, 54% desses e-mails induzem os usuários a clicar em links de phishing, enquanto a taxa de sucesso cai para 12% nos casos em que os e-mails são redigidos por humanos.

“A inteligência trabalha com mapeamento de risco. Os atacantes têm explorado vulnerabilidades com score baixo, em vez das de score alto, o que tem chamado a atenção das empresas de cibersegurança. É fundamental que o policiamento seja orientado por inteligência, para que as investigações sejam mais assertivas e efetivas”, ressaltou Madeira.

Junto do presidente do CIASC, estavam o assessor de Proteção de Dados, Marcel Vilmar da Silva, e o coordenador de Segurança da Informação, Diego Lopes da Cruz.

Além das palestras, o workshop contou com painéis de discussão e estudos de caso, com a participação de operadores da segurança pública, especialistas em prevenção a fraudes, representantes de big techs, instituições financeiras e líderes em tecnologia cibernética. Os conteúdos abordaram temas como inovações em inteligência artificial, ciência de dados e outras tecnologias aplicadas à detecção e mitigação de ameaças digitais.